terça-feira, 12 de junho de 2012

Missões Jesuíticas: Os Sete Povos das Missões

No nosso Estado, o Rio Grande do Sul, existe um roteiro turístico chamado Rota das Missões. Nesse percurso as pessoas são convidadas a conhecerem um pouco mais sobre a história da região missioneira, fazendo uma viagem no tempo em que os padres da Companhia de Jesus organizaram aldeamentos chamados reduções, com o objetivo de doutrinar os índios guaranis na fé cristã e garantir a posse dos territórios espanhóis.


·         Veja no mapa, os municípios que fazem parte da Rota das Missões:
Com ajuda do seu professor e colegas observe os símbolos e a legenda presentes no mapa.
Você deve ter observado no mapa, que muitas construções que fazem  parte desse roteiro estão em ruínas, por que você acha que isso aconteceu?
Afinal, o que foram as missões jesuíticas? Vamos conhecer um pouco dessa história?

Os índios guaranis
         Há mais de dois mil anos, os índios guaranis que viviam nas matas da Amazônia, vieram para o sul em busca de caça, pesca e terras férteis. Moravam em ocas, feitas de estrutura de madeira e coberta por vegetais. Os homens protegiam o grupo, preparavam a terra e caçavam, enquanto as mulheres plantavam, colhiam, preparavam os alimentos e produziam objetos de cerâmica. Todos deviam obediência ao cacique (Tubichá) e respeitavam os poderes de cura e magia do pajé (Caraí).
              

  Quer saber mais?
·         Veja o documentário sobre o jeito de ser e de viver dos indígenas Guarani na atualidade, produzido pela TVEpagri. Clique na imagem para assistir o documentário, depois elabore um pequeno relatório sobre as mudanças ocorridas no modo de viver desse povo.


Portugal e Espanha
         Sentindo-se os donos da terra, após terem encontrado o território americano, portugueses e espanhóis começaram a disputá-lo. Criaram, em 1494, o Tratado de Tordesilhas, que dividia em dois o mapa da América.
Observe com atenção o mapa do Tratado de Tordesilhas, como você pode ver, nessa época grande parte do atual território do Rio Grande do Sul pertencia à Espanha.

            Para manter o território e transmitir as indígenas os preceitos da religião católica, a Espanha enviou padres jesuítas para catequizar os indígenas, organizando missões ou reduções. As primeiras foram construídas nas terras onde hoje ficam o estado do Paraná e o sudeste do Paraguai. Foram chamadas de Missões do Guairá.

           Essas missões, contudo, eram alvos constantes dos bandeirantes que procuravam aprisionar e escravizar os indígenas.
Denominam-se bandeirantes os sertanistas do Brasil Colonial, que, a partir do início do século XVI, penetraram nos sertões brasileiros em busca de riquezas minerais, sobretudo a prata, abundante na América espanhola, indígenas para escravização ou extermínio de quilombos.
A maioria dos bandeirantes eram compostos por índios (escravos e aliados), caboclos (mestiços de índio com branco) e alguns brancos, que eram os capitães das bandeiras.
Guaranis aprisionados por bandeirantes, tela de Jean Baptist Debret, 1830.

         Com o ataque dos bandeirantes, os jesuítas espanhóis fugiram do Guairá e se estabeleceram nas terras onde hoje se localiza o Rio Grande do Sul, organizando-se em reduções na região do Tape e do Rio Uruguai.
          Contudo, os bandeirantes também descobriram essas missões e começaram a atacá-las e destruí-las. Assim, em 1641, os jesuítas fugiram levando alguns indígenas para a outra margem do rio Uruguai, na atual Argentina. Na fuga, deixaram boa parte do gado que criavam, que acabou se reproduzindo com o passar dos anos, formando a chamada Vacaria do Mar.
Dica de Filme: A Missão
(The Mission, ING 1986). Direção de Roland Joffé, com Robert de Niro, Jeremy Irons, Lian Neeson, 121 min, Flashstar.
Dirigido por Roland Joffé e escrito por Robert Bolt, o filme A Missão é uma obra inglesa de 1986, baseada em fatos reais, e trata da época da expulsão dos jesuítas do reino português devido à crise nas relações entre Coroa portuguesa e a Companhia de Jesus. Clique  para assistir o trailer do filme.
 
Os Sete Povos das Missões
         Anos depois, em 1682, os jesuítas voltaram às terras que haviam abandonado no atual Rio Grande do Sul e criaram novos aldeamentos. Esses aldeamentos passaram a ser conhecidos como os Sete Povos das Missões, que em 1732 chegaram a reunir cerca de 40 mil índios (analise novamente o mapa no início do capítulo).
         Observe as datas de fundação das reduções e a distância entre cada uma delas e a redução de São Miguel Arcanjo.

Como era a vida nas missões?
         As missões possuem uma estrutura bem específica, conforme pode ser observado na figura abaixo.


Assista também a animação em 3D da estrutura da Missão
 de São Miguel Arcanjo   clicando na imagem.


         Nas reduções ou missões havia uma praça no centro, sendo a igreja o prédio mais importante. Ao lado da igreja ficavam a residência dos padres, o colégio, as oficinas, o cemitério e o cotiguaçu.
         A casa dos caciques e o cabildo contornavam a praça. O cabildo era a sede da administração.
         No colégio só estudavam os meninos filhos de caciques e administradores, enquanto as meninas aprendiam prendas domésticas.
         Atrás da Igreja eram mantidos o pomar, a horta e o jardim. Também por perto eram instalados currais de gado. Um pouco mais ao longe existiam os tambos, onde os visitantes eram hospedados, evitando assim o contato dos índios com os estrangeiros.
         Os índios trabalhavam quatro dias por semana no Abambaé (Terra do Homem) para o sustento de suas famílias, e outros dois dias no Tupambaé (Terra de Deus) que produzia alimentos para quem não trabalhava no campo e cujo excedente era comercializado. Além dos trabalhos na terra produziam nas oficinas instrumentos, utensílios e roupas.
         Aos domingos todos participavam da missa, teatros religiosos, jogos e danças. Uma vez por mês os guerreiros faziam exercícios de guerra.
Quais aspectos da organização das missões jesuíticas você concorda e quais não concorda?
Depois discuta esses aspectos com seus colegas e professor.
      
         Para conquistar a confiança dos índios os jesuítas também faziam uso de música, canto, teatro, desenho, pintura e escultura. Alguns índios eram incentivados a tocar, fabricar instrumentos e criar esculturas. Clique na imagem abaixo para assistir um vídeo sobre a arte missioneira.

A Guerra Guaranítica
 

         Em 1750, o Tratado de Madrid determinou novos limites para o território americano. Nesse acordo, a Espanha trocava os Sete Povos das Missões pela Colônia do Sacramento dos portugueses.
Os guaranis não aceitaram esse acordo e organizaram um exército para defender suas terras liderado por Sepé Tiaraju. Assim, em 1754, iniciou a Guerra Guaranítica que durou dois anos. Melhor equipado o exército europeu formado por portugueses e espanhóis massacrou os guerreiros guaranis. Portugal e Espanha acabaram anulando o tratado de Madrid, contudo não existiam mais condições para a sobrevivência dos guaranis nas reduções, sendo os jesuítas expulsos dos territórios americanos acusados de liderar a guerra guaranítica.

        


 

 
 

Sepé Tiaraju foi um índio guerreiro guarani, considerado um santo popular brasileiro e declarado "herói guarani missioneiro rio-grandense" pela Lei nº 12.366.
A Câmara dos Deputados lançou em 16 de novembro de 2010 a história em quadrinhos “ Sepé Tiaraju: o índio, o homem, o herói ”, uma iniciativa da 1ª Vice-Presidência publicada pela Edições Câmara.  O livro resgata a trajetória do índio missioneiro que liderou a resistência dos guarani contra a implantação do Tratado de Madri, em 1750. A história em quadrinhos foi distribuída nas escolas públicas e bibliotecas de todo o País.
Não deixe de ler!  Procure na biblioteca de sua escola!

Como ficou a situação dos guaranis
         Os guaranis sobreviventes acabaram indo embora das reduções. Alguns foram trabalhar nas estâncias dos portugueses, outros voltaram para as matas e muitos acabaram marginalizados nas cidades espanholas e portuguesas, passando a viver da venda de seus artesanatos.

         As reduções acabaram sendo saqueadas, sendo grande parte dos materiais utilizados em novas construções pelos imigrantes. Hoje dessa grande experiência restam ruínas das reduções de São Nicolau, São Lourenço Mártir, São João Batista e São Miguel Arcanjo, os remanescentes dessa última foram reconhecidos como Patrimônio da Humanidade no Brasil, pela UNESCO em 1983.




Como você vê a situação dos indígenas na atualidade? O que você acha que deve ser feito para melhorar essa situação?

Sugestões de leitura:

TORERO, José Roberto; PIMENTA, Marcus Aurelius. Naná descobre o céu.Objetiva, 2005.

CASSOL, Léia. O último guardião. Editora Cassol, 2009.



Vamos retomar os aprendizados?
·        Resolva a cruzadinha

·         Com base no que você estudou, escreva no caderno um texto contando como você imagina o dia a dia dos habitantes das missões. Depois compartilhe com seus colegas. Pesquise em outras fontes para conseguir outras informações e complementar seu trabalho. Não se esqueça das ilustrações. Depois, organize com sua turma uma exposição desses trabalhos.

·         Com a criação das reduções a vida dos indígenas se transformou. Compare esses modos de vida escrevendo um comentário em seu caderno e manifeste sua opinião destacando os prós e contras desse processo de aculturação.


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